O MESTRE DA INTEGRIDADE: (SÉCULO XVIII)

Luzzatto foi um importante escritor, místico e praticante de cabala. Durante sua breve vida (morreu aos 39 anos) adquiriu profundos conhecimentos de línguas e religião. Insatisfeito com o conhecimento disperso ao qual tinha acesso, Luzzatto reuniu a sua volta, em Pádua, um círculo de estudantes com tendências místicas.

O círculo praticava em segredo as meditações de Isaac Luria e estudava o Zohar incessantemente. Se abstinham de comer carne e mesmo de matar insetos. A compaixão, misericórdia e humildade precediam qualquer experiência mística.

Luzzatto repetia as fórmulas cabalísticas luriânicas com freqüência cada vez maior, até que passou a “mergulhar” nas meditações repetindo-as a cada quinze minutos. Em uma determinada noite foi despertado por uma voz que dizia: “Vou revelar-lhe os segredos ocultos do santo rei!”

A informação de que Luzzatto se comunicava com um Maggid do céu acabou chegando à um Rabino ortodoxo, que mostrou-se escandalizado com as atividades místicas do círculo de Pádua. Perseguido, Luzzatto foi obrigado a desistir de seu trabalho místico e viajou com sua família para a Terra Santa, pensando que lá estaria livre para recomeçar seus estudos. Lá, entretanto, sucumbiu à peste tão logo chegou e faleceu na cidade de Acre.

A questão central elaborada por Luzzatto foi a busca de nosso ser íntegro. Ele desenvolveu alguns dos principais aspectos relacionados à conquista de uma alma íntegra: Precaução, Humildade, Aperfeiçoamento e Compaixão.

Seu livro mais conhecido é o “Caminho dos Justos”, uma declaração ética sobre comportamento e auto-conhecimento para se alcançar uma alma santa. Este trabalho possui diversas idéias cabalísticas, porém os elementos esotéricos foram dissimulados, visto que ele era perseguido pela cúpula de rabinos da Itália e Alemanha.

Abaixo uma parte traduzida da carta de J. Gordon ao Rabino Mordecai Yoffe, publicada por S. Ginzburg em Rabbi Moshe Hayyim Luzzatto u- Venei Doro (1937) #19:

“…tenho ouvido falar de sua fama e sinto que é direito e apropriado revelar a V.Sa. tudo ou a metade do segredo do Senhor que está com aqueles que o temem… Temos aqui um jovem, com não mais de vinte e três anos. Ele é um santo homem, meu mestre e professor, a santa lâmpada, o homem de Deus, sua senhoria Rabino Moisés Hayyim Luzzatto. Nestes últimos dois anos e meio, um maggid tem se revelado para ele, um anjo santo e fatástico que lhe revela mistérios maravilhosos. Mesmo antes de completar quatorze anos ele já sabia todos os escritos do Ari de cor.

Ele é muito modesto, e não conta nada a este respeito, nem mesmo ao seu próprio pai e obviamente para mais ninguém. Foi aconselhado pelo Senhor que eu descobri isso por acaso, aqui não é o lugar para descrever como sucedeu. No último mês tenho sido seu assistente, retirando água do seu poço, feliz o olho que viu tudo isto e feliz o ouvido que soube disto. Ele é uma centelha de Akiva bem Joseph. Já se passaram oito meses desde que o anjo, santo e fantástico, se revelou para ele. Ele lhe revelou numerosos mistérios e explicou os métodos com os quais ele poderia chamar os membros da Academia Celestial…

Ele conhece as encarnações anteriores de todos os homens e sabe todos os tikkunim que eles tem que realizar e ele conhece a ciência da leitura das linhas da mão e do rosto. Em resumo, nada está oculto para ele. No princípio só foi concedida a permissão de revelar-lhe os mistérios da Torah mas agora todos os mistérios lhe são revelados…

Saiba que isto foi mantido em segredo, exceto para os membros do nosso círculo. Se eu tivesse decidido contar tudo sobre o nosso mestre e professor acima mencionado, o próprio tempo acabaria antes que eu tivesse terminado. Espero que meu senhor não pense, Deus defenda, que está manchando coisas sagradas pela comparação disto com coisas falsas, porque a verdade é sua própria testemunha. Pelo contrário, ele sabe de tudo que acontece debaixo do sol, todos os acontecimentos do passado e o fundamento de todas as coisas. Eu devo ser breve porque o tempo urge. Que o Senhor possa prolongar seus dias e anos.”

#19 – “Texto extraído da página da CJB na internet (www.cjb.com.br)”